quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Lucianne Casasanta Garcia

Resumo:Consciência da mudança

“Baudelaire aceitou o homem moderno em sua plenitude, com suas fraquezas, suas aspirações e seu desespero. Foi, assim, capaz de conferir beleza a visões que não possuíam beleza em si, não por fazê-las romanticamente pitorescas, mas por trazer à luz a porção de alma humana ali escondida; ele pode revelar, assim, o coração triste e muitas vezes trágico da cidade moderna. É por isso que assombrou, e continuará a assombrar a mente do homem moderno, comovendo-o, enquanto outros artistas o deixam frio.” (BANVILLE, Theodore)


Em meio a uma metrópole em eterna reconstrução, Charles Baudelaire sentia-se na obrigação de refletir sobre o espírito e a forma desses novos tempos, que ele sintetiza na palavra modernidade. Estabelecer-se frente a uma sociedade em transformação, mediante todas as angústias e, sobretudo, comunicar o valor de uma nova concepção que desafie convenções pré-estabelecidas é o que impulsiona Baudelaire na concepção de sua literatura. Nela, são descritas atitudes para compartilhar com as transformações do homem, ­ que buscam no novo, elementos para a resolução de problemas por vezes abstratos, porém reais.
Ele teve muitos de seus poemas proibidos além de ter sido pouco lido pela sociedade de sua época. Entretanto, todas as observações, pensamentos e concepções do poeta irão influenciar a época seguinte, uma vez que a crítica de Baudelaire concentra-se na realidade da sociedade moderna.
Toda a narrativa de Baudelaire é abstrata, fazendo com que o leitor se desprendesse da necessidade da representação, para compreendê-lo. Com o advento da fotografia e do cinema, a literatura foi sendo liberada aos poucos de sua função de retratar uma determinada personagem ou contar uma história. Outra função foi tomando esse lugar vazio, a função de gerar atitudes, sínteses, conflitos no leitor em relação a sua própria condição. Deste modo, ao falar da modernidade de Baudelaire, não estamos nos referindo apenas ao apontamento dos conflitos da convivência urbana. Além de apontar, Baudelaire estava introduzindo uma nova forma de participação na sociedade, tão presente na vida intelectual do século XX, e no nosso cotidiano também.

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